Guardado e anotado

Comecei esse assunto outro dia e hoje seguirei no fato de guardar.

Guardo de tudo, mas por um tempo breve.

Cartas, roupas, papéis, embalagens, panfletos, contas, comprovantes da cielo – aqueles do cartão –acessórios, caixas, músicas que não ouço mais, fotos, tudo. Sinceramente o que couber em uma gaveta eu guardo, prova é meu fichário da 6ª série: ele não resistiu mas tinha um tecido que eu tenho até hoje. Era do Pooh e eu não sei que ano a 6ª série se tornou, na verdade achei isso ridículo só me faz parecer mais velha. E tenho inteiro o do 3º ano, com diários armazenados.

Só que eu não vou guardar isso eternamente, nada fica para sempre, nem meus arquivos. Já troquei várias cartas com amigas e hoje quase não as tenho, as vezes cansava, juntava tudo e jogava fora. Não sou insensível ou qualquer outra coisa que pense, só que não dá, eu não teria espaço para tudo até porque minha mãe não é tão adepta de guardar antiguidades assim.

Acho que tempos passam e memórias ficam, não preciso de algo físico para trazer de volta. Nem meus diários tenho todos, ok, eu queria não tê-los jogado fora, mas talvez nem fossem tão bons assim.

O que gostaria de jogar fora são certas sensações e sentimentos. Culpas, ideias, “Se...” que não foram e não mudam nada, mas que insistem em permanecer. Coisas que incomodam e que muitas vezes fazem questionar o que já não pode mais ser alterado ou revisto.

É vida, não processo judicial. Não precisamos de arquivos, acho que saber que aquilo aconteceu, aquilo eu senti, já tá de bom tamanho. Sei que com o tempo detalhes irão se apagar e algumas informações se perderão – aquelas coisas do tipo: aconteceu ou foi sonho meu? – mas se for pra lembrar, a gente vai lembrar. O que realmente importa a gente não esquece, exceto as chaves de casa.