Carta para uma amiga,

Nós já passamos por tanta coisa juntas, e eu realmente esperava que isso fosse durar para sempre. Queria estar ao seu lado no altar, na sala de espera da maternidade com a sua família esperando seu primeiro - e os demais - filho chegar, com você quando vocês brigarem, quando a profissão já não for uma certeza ou quando você não estiver certa de nada. Principalmente, quando eu não estiver certa de nada.
Queria você aqui para conversar sobre meus maus momentos e sobre os bons também, queria ouvir sua opinião sobre algumas coisas, queria te contar sobre meu sonhado casamento, contar para você como ele é incrível pra mim, como simplesmente encontrei o homem da minha vida. Queria ter você de volta.
Na verdade, queria que você nunca deveria ter ido, mas foi, e não posso voltar no tempo, nem deixar de admitir o quanto eu cresci com isso, perder uma base e ter que virar sozinha de repente, dói, mas ensina muito. Encontrei amparo em outros lugares, que não esperava, aos quais eu nunca dei uma chance.
Sei que apesar de tudo, de todas as minhas vontades existe sim uma coisa que se chama destino, e alguém deve saber porque isso tirou você de mim. Levou minha confiança, levou a amizade que eu conheci e tive. Fez mal, trouxe raiva, tristeza, dor, mas passou.
Com o tempo a gente se adapta, é como curar um coração partido por um daqueles garotos da escola, mas a gente nunca se esquece. Sempre se lembra de como você iria a qualquer lugar comigo, e que, se você ainda estivesse aqui eu teria para onde correr sempre que meu mundo está para desabar.
Não sinto saudades.
É falta.
E a falta, por mais que uns digam que não dói mais do que a saudade, que nem mesmo tem tradução, ela é um espaço vazio, com o qual não se acostuma, aquele que a gente quer a qualquer custo trazer de volta. Não dá pra aceitar, entender, só para querer e requerer, pensar em ter de volta, mesmo isso, sendo impossível.