Ela com seus óculos antiquados, duas jarrinhas e um prazer : minhas prioridades

Aquelas que são suas prioridades.
Parei, pensei. Olhei nos olhos do meu pai, confuso. 'Quais são as minhas prioridades?' pensei, e na minha mente surgiram todos os assuntos, cada um mais fútil que o anterior, me senti um idiota. O encarei, e minha lembrança acaba ai, nunca me recordo do que disse a ele, queria muito me lembrar das prioridades que expus ali para ele.
Hoje, olho para minha esposa, repousada em sua pilha de travesseiros ao meu lado, com seus óculos, lendo um romance qualquer, romance, ela é apaixonada por isto, mais do que por mim, sempre pensei. Penso no meu parzinho de jaras dormindo no quarto ao lado. Lindas, calmas, angelicais enquanto repousam. Duas garotas, minhas duas filhas.
Sorrio para o meu laptop em cima das pernas, secretamente, não quero que minha mulher me ache um idiota sorrindo para meu computador. Mas não é para ele que sorrio. É para a minha vida. Para as minhas prioridades de agora. É para minhas filhas, para minha esposa, para o meu trabalho. Para a minha escrita.
Antes que pense que sou um louco que trabalha o dia todo focalizando apenas o dinheiro. Não saio de casa. 'Trabalho' aqui.
E o que faço?
Isso. Ora!
Escrevo. Apenas 'me dou' vazão. E não tem nada melhor do que viver daquilo que você ama. E com quem você ama.
Então sorrio para o meu laptop e penso, se não teriam sido essas as prioridades que enumerei para meu pai, mas não forço a mente para lembrar.
Afinal, eu era outro, os tempos eram outros. Fui aquele escritor, até chegar a este, e com certeza temos diferentes prioridades. Que continuam, prioritárias.
Gostaria de terminar, mas ouço que uma das minhas jarrinhas está tendo pesadelos. Melhor ir vê-la.

Um comentário:

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