Londres

- Londres. Me parece um bom lugar. - disse a moça com um lenço amarrado no pescoço ao rapaz de olhar encantado ao seu lado. E vidrada no nada, continuou. - Sempre quis morar em Londres. Viver lá!
O rapaz nada dizia, apenas a olhava, completamente bobo. Idiota, tolo e apaixonado. Ela aguardando uma resposta, sugestão, comentário, o olhou e o rapaz de ar bobo apenas sorriu.
- Pois será Londres! - disse decidida e contente a moça. - Gosto da vida agitada que as grandes cidades nos proporcionam, do ar clássico de lá, do sotaque cheio de si dos britânicos, da pontualidade e do chá, o chá das cinco. Você bebe chá?
Diante da cena, não me contive, ri. Era irresistível.
Eles me olharam por instantes. O rapaz mal educado e solitário na mesa de luz fraca, que ria das conversas alheias que não o incluiam. Não disseram nada. Apenas olharam. Mas, dizer o que, a um rapaz acompanhado, de um cigarro e um whisky duplo?
Eu imortalizei, não sei porque, o casal, a cena, o dia.
A moça futil ou dispersa que questionava o chá a quem lhe transimita amor pelo olhar.
Ainda hoje, penso neles. Se estão juntos, aqui, ou em Londres, como ela havia decidido. E penso também, tenho curiosidade sobre tudo que os levou até ali. Da história deles. Se eu soubesse do passado talvez tivesse uma noção do futuro. Porque como dizem o filme, é sempre o mesmo. Mudam personagens, tempos, lugares. Se muda tudo e ao mesmo tempo, não se muda nada. Penso, no que os levou aquele bar, aquela noite, aquela mesa, a falar de Londres.

Um comentário:

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