Do fundo do meu armário

eu guardo caixas, e guardo tudo em caixas, eu queria ter guardado as cartas, as cartas do tempo da escola, desde o começo, mas eu sempre me irritava com a quantidade de papeis que eu mesma já juntava então elas foram para o lixo, somente umas, do último ano ficaram.
Mas eu guardei o pacote de biscoito do dia em que saímos cedo de casa e só voltamos a noite e demos bastante risada, eu tenho a capa do fichário do ano em que eu escrevia músicas nele todo dia, eu tenho o meu primeiro celular, eu tenho papeis de bala, eu tenho as coisas que minha mãe espera que eu jogue fora, eu guardei coisas que todo mundo jogou fora.
Eu joguei fora o que todo mundo guardou.
Eu tenho na alma cada palavra que você me escreveu, cada carta que minhas melhores amigas me mandaram em todos os anos de colégio, e nas minhas caixas, eu tenho as risadas delas. E ainda posso ouvi-las quando penso em jogar tanto lixo fora.
Cada um tem seu jeito de se lembrar, de ser.
De amar, e de sofrer.
E meu armário tem um pouco de tudo isso, minhas caixas as trazem de volta.
As amigas do meu ensino fundamental, as minhas amigas da vida inteira, as amigas que eu nem devia ter tido, as que eu devia ter me esforçado mais para não ter perdido.
Eu ainda não arrumei meu armário,
eu não consigo jogar essas caixas cheias de músicas fora.

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