só vejo letras a minha frente

' Tudo aquilo ficava na minha mente incomodando, como se não coubesse, como se o espaço ali fosse mínimo.
Eram ideias demais, ideias além do que meus dezoito anos e um trabalho de meio expediente podiam suportar. Eu precisava de mais tempo, talvez vivesse melhor em um planeta com dias de 30 horas. Ou talvez não.
Eu precisava tirá-las de mim. Todas. Uma a uma, o mais rápido possível. Precisava deixar o caminho livre para que as palavras seguintes viessem, precisava desentupir o leito do rio para que minha escrita fluísse.
Mas garanto, que isso se torna muito mais difícil quando você tem de conviver com papel e caneta. Meus dedos sentiam a enorme falta das teclas, que para eles eram como encontro do rio com o mar.
Era necessário.
Senti-me pronta para explodir por mil vezes. Senti que poderia perder aquilo, que podia simplesmente inibir para sempre minha mente por raiva, da força que ela usava contra mim, se expondo. E isso, só piorava quando eu lia. Manter ideias em você, manter criatividade em ambiente fechado, enlouquece. '