like a hurricane in your life.

Lua cheia, uma noite agradável de sábado, de verão. A sala cheia, a conversa animada, os casos antigos e os micos recentes arrancando risadas, a família reunida, fim de férias. O celular dela tocou sobre o criado da sala, Maria Carolina vai atender na varanda, sob a luz forte da lua.
- Oi amor! - diz ela com saudades.
- Oi Carol, tudo bem? - o namorado tentou parecer tranquilo, mas a ligação repentina de São Paulo significava algo. Ele sempre preferia conversar pela internet quando ia visitar a família, não gostava de incomodar nos programas de férias dela.
- Sim, tô bem! Mas aconteceu alguma coisa?
- Não se preocupe. É, só que eu preciso falar com você.
- Tá, pode falar. - Carol já se preocupava com a cautela na voz de Pedro.
- Na verdae, eu, quero ver você. - ele ficou quieito - Hoje.
- Mas Pedro, você tá em São Paulo! Assim, é um pouco longe de mim né? - Ela riu, sem entender.
- Tá tudo bem Carol, eu vou ai, não pergunte como.
- Ok, mas agora já tá tarde e minha família tá toda aqui.- Carol tentava disfarçar a curiosidade, ansiedade e de certo modo, também o medo.
- Quando todos forem dormir, me encontre na varanda.
- Como vai entrar? O muro aqui é muito alto, vai ter que atravessar o jardim, os cachorros, tudo.
Pedro continuou calado do outro lado da linha e Carol continuou:
- Tudo bem, vou te esperar.
Ele desligou.
Carol estranhou a atitude de Pedro, mas ele estava sério e ela tinha a impressão de que ele escondia alguma coisa, ela sempre sentiu isso. E agora, ele queria contar.
Carol voltou pra sala, mais aerea, não demorou a se despedir, escondeu atras do sarcasmo o medo e a ansiedade que tomavam conta. O namoro não era muito bem visto pelos pais dela desde a última briga, quando ele a deixou sem explicações e todos a viram sofrer, se erguer e ir atrás dele, e não desistir. Ele mesmo sabia que ela era mais forte do que ele.
A noite pareceu se estender para Carol, que pensava no que ele queria contar a ela. Os familiares começaram a ir embora, os pais a limpar a sala, os irmãos a se deitarem, ela tentou se concentrar em um filme na tv, mas estava ansiosa demais e os pais continuavam na sala. Carol dormiu
Acordou, assustada com o celular vibrando ao lado da cama. O quarto escuro, tv desligada, ela ainda no jeans, atendeu:
- Oi? - disse com voz de sono sem ao menos olhar o nº.
- Tô te esperando na varanda, sem barulho, sem acender luzes, não demore. - era Pedro, disse seco.
Carol levantou, se guiando no escuro, pegou um moletom velho e foi cuidadosamente para a varanda. Lá, Pedro encostado em uma coluna, com as mãos no bolso do jeans surrado, a camisa branca de sempre, e o moletom que já não era tão preto, com o capuz tampando o rosto. Ela cruzou os braços pela brisa fria da varanda.
- Pedro?
- Oi Carol. - disse ele, tirando o capuz. A encarou por segundos e voltou a olhar para baixo.
- Bom, não vou perguntar como chegou até aqui, como entrou na minha casa. Porque, quando me falar o que tem pra falar, acho que tudo vai fazer sentido. Então...
- Olha Carol...- Pedro tentou começar.
- Pedro, por favor, apenas diga, sem desculpas. - ela desviou o olhar, sabia que o que ia falar ia doer nele - pelo menos agora, seja sincero.
- Carol, tem algo sobre mim que não contei a você. E não posso mais esconder, não quero colocar você em perigo, mas não consigo.
- Perigo? - Carol arqueou a sombrancelha. - O que você fez de errado?
Tímido, com o olhar baixo, continuou:
- Não fiz nada de errado, bom, não assim, como você está pensando. Eu só...
- Continua Pedro. Isso tá me deixando aflita.
- Calma, é que é difícil pra mim também.
- Você tá me assustando... - ela segurou firme seus próprios braços. - mas ok, vou ser paciente. - ela sorriu tímida e sem vontade.
- Eu não vou te fazer mal. - ele a olhou nos olhos, pela primeira vez naquela noite - eu sou um vampiro.
Carol o olhou, levantou a voz para ele:
- Saiu mais cedo da casa dos seus parentes, veio até aqui, pulou o muro, me tirou da cama pra isso!? - os dois se olharam em silêncio. - Juro que não acredito que você fez isso.
Ela balançava a cabeça cada vez mais nervosa com ele.
- Fala baixo, vai acordar todo mundo. - disse Pedro.
- Não me importa!
A luz do quarto dos pais dela se acendeu, e a silhueta da mãe de Carol se aproximou da janela que dava para a varanda. Carol olhou para a janela, e para Pedro, sussurou para que ele fosse embora e ele a olhou firme, a segurou pela cintura e a arrancou dali. Como que em segundos eles haviam atravessado o enorme jardim que levava ao acesso da casa, e passado pelo muro alto, sem o mínimo barulho, sem que ela notasse. Atras do muro, Carol ouviu o pai abrindo a porta, conferindo a varanda e voltando pra cama. A casa voltou a ficar escura, apenas as luzes de fora acesas.
Carol voltou a olhar para Pedro, calada, buscando alguma explicação, e soou novamente em sua cabeça, a explicação dele para tudo aquilo "eu sou um vampiro". E ela começou a pensar, ligar os fatos, os sumiços repentinos, os dias estranhos e os segredos dele. Fazia sentido, por mais louco, anormal, e literário que fosse, fazia sentido.
- Como Edward? - ela perguntou depois de refletir encarando os olhos confusos dele. - Ou como James, Victoria, Os Volturi? - ela parecia pensar e continuava - Damon? Stefan?
- Acalme-se Carol. Eu, estou mais para Stefan, nos últimos tempos, se formos colocar na sua literatura. - ele riu, sem jeito.
- De uns tempos pra cá?
Ele ficou sério novamente.
- Antes de você, Maria Carolina, eu fui um vampiro normal. Como nos velhos contos, Drácula essas coisas.
- Bebia sangue humano? - ela perguntou tímida, devia ser difícil pra ele.
- Sim. - ele olhou pra baixo.
- Mas não bebe mais né? - ela perguntou, tentando melhorar aquilo.
- É, não mais.
- E porque resolveu contar, agora, depois de tanto tempo? E porque pode me colocar em perigo?
- Porque eu sei que você não ia aceitar ser deixada sem uma explicação.
- Vai me deixar!? - ela levantou a voz novamete. - De novo!?
- Nossa proximidade pode ser ruim, você pode sair perdendo, ou não sair. - ela o interrompeu com uma risada - É sério, não é literatura Carol!
- Pedro, por favor...
- Maria Carolina, é sério. Lembra quando te deixei, há dois meses.
- Sim. - foi a vez dela baixar a cabeça.
- Foi uma recaída.
O silêncio tomou conta, e depois, Pedro continuou.
- Eu não resisto a você. É como sangue.
- Bela comparação... - ela debochou.
- E, parei com meu 'vício', por você. - ele a abraçou.
- Como assim? - ela arqueou a sombrancelha.
- Eu a visitei algumas noites. Na verdade, quase sempre.
- Ah, Sr. Cullen. - ela riu novamente.
- Desculpe, mas, eu não tenho muito o que fazer, e não resisto.
- Ok, mas continua. O que eu tenho a ver com a sua dieta?
- Uma noite, você dormia tranquila, eu me aproximei, movido pelo instinto, e senti seu sangue quente, - os olhos dele iam mudando a maneira de olhar pra ela - me perdoe... não resisti, meu instinto foi mais forte.
- Me mordeu? - Carol tocou o pescoço como se aquilo fosse proteger.
Ele recuou um passo, e ela notou como o medo dela o incomodava, entristecia.
- Desculpe - ela sussurou.
- Tudo bem - ele disse cabisbaixo tentando disfarçar em um sorriso sem força, sem vontade.
- Eu jamais tocaria, jamais tocarei você. - ele disse certo, determinado a resistir.
- Tudo bem, eu confio em você. Só é... estranho. Mas ok, e o que te fez parar naquela noite se o instinto vampiro é assim, tão forte?
Ela estava novamente pensando, juntando as peças e consultando o que antes era só literatura.
- Quando eu estava, perto, perto demais. Eu já não estava em mim. Era só um vampiro, sem nada. - Ele voltou os olhos para baixo, respirou fundo. - e você me chamou.
Ela arqueou a sombrancelha.
- Chamei?
- Sim. - ele sussurou - "Pedro não faça isso, Pedro não!" E com isso, do nada, eu voltei. Isso nunca aconteceu antes, me afastei, repugnante. Decidi deixar você, mas, como se nota, aqui estou. - ele riu tímido, conquistado, ali, nas mãos dela. - então decidi virar vegetariano como o seu Edward. - ele riu da piadinha.
Os olhos dela brilharam, forte, encantados com todo aquele sentimento.
- Carol? - ele se preocupou.
- Tô bem, relaxa. - ela disse, vidrada no nada.
- Mesmo? Quer voltar pra casa? Dormir, descansar? Refletir, sobre isso tudo..
- Pedro, eu tô bem! Agora, me tira daqui...
- Ahn? - ele se assustou.
- Anda, me leva com você.
- Não, você tem que ficar. Sua família, amigos, tudo Carol! Não enlouquece.
- Eu quero ir, e eu vou com você.

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