Ele tinha
razão, era demais pra mim e seria para qualquer outra pessoa, mas eu havia
chegado a um ponto onde não havia mais a oportunidade de parar, voltar a trás e
fingir que não acontecera nada, que não me importava quem ele era, ou como me
conhecia, até porque isso seria uma enorme mentira porque, essa curiosidade me
movera até ali, me colocara em perigo, era hora de ir até o fim.
- Creio
que isso signifique que sim, - ele sorriu – bem então deixe eu pensar, sua
primeira pergunta foi o que havia acontecido, certo?
Pisquei
novamente, mais rápido, ainda mais ansiosa pelo que ele diria.
- Um
assalto.
Ele não
sorria, o rosto sério fitava a escuridão através da janela do quarto. Tentei
mover os dedos, como se meu toque pudesse aliviar a dor que era tão clara.
Quando meus dedos finalmente obedeceram, tocando o dorso de sua mão ele me
olhou.
-
Obrigado. Eles levaram algo precioso para mim que talvez eu nunca possa reaver,
mas vou ficar bem. – ele sorriu e com certeza notou que a curiosidade
permanecia – Prefiro não falar mais sobre isso, tudo bem? Me incomoda muito.
Pisquei
rapidamente para que ele não remoesse os sentimentos ruins que coisas assim com
certeza causam nas pessoas, nunca fui do tipo urubu que queria descrições
completas sobre coisas que traziam tristeza a alguém. Acho que sentimentos
ruins não são para se entender, mas para se compreender quando você se importa
com quem os possui, e eu estranhamente me importava com ele.
- Meu
nome é Ian, eu cheguei faz pouco tempo mas estive na Editora que você trabalha,
sou escritor, ok, eu quero ser, e perguntei a uma secretária quem você era, e
ela me disse mais do que eu precisava saber. – ele riu.
De alguma
forma eu não esperava ouvir aquilo, imaginei por um momento que ele estava me
perseguindo, por uma publicação e talvez fosse isso que eles tivessem levado,
seus manuscritos. Mas de repente, senti que devia confiar, podia e queria. Quis
acreditar e não temer mais, mesmo que isso fosse idiota e perigoso. O medo
voltou a percorrer minha mente e minha imaginação disparou pelas mais terríveis
histórias que eu vira nos jornais, mas me lembrei que não podia deixar meu medo
me impedir de jogar, de tentar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obg! pela visita :)
volte sempre ♥