Parte 7


Claridade, excessiva. Uma luz branca me cegava quando acordei, levei um bom tempo para perceber que tudo era branco, e que não era o céu ou coisa parecida, não precisei que ninguém dissesse, os tubos conectados a mim falaram muito sem ter voz. Senti alguém segurar minha mão e me agarrei com toda força que tinha, o que era quase nada.
- Foi coisa demais para você, me desculpe.
Aquela voz, eu não sabia quem era, mas havia uma preocupação tão grande nela. Tentei responder mas não consegui falar nada.
Então uma sombra se criou na enorme luz branca, a mesma sombra que me assustou no porto, ele estava lá. E sorriu de um jeito leve, mas era claro que se sentia culpado.
- Sei que está buscando uma explicação, mas já parou pra pensar que talvez não tenha? – ele riu e mexeu nos cabelos.
Eu tentei me sentar, mas a conexão corpo-mente estava claramente afetada, eu não me mexia como queria e ele me segurou.
- Fique calma, e quieta. O médico disse que os remédios te deixariam um pouco mais lenta, tudo bem? – ele voltou a me olhar, mas falar exigia tanto esforço. – Pisque uma vez se entendeu.
Pisquei.
Ele sorriu, como no porto.
Seu rosto tinha um formato mais quadrado, olhos escuros e cabelos que emolduravam muito bem o rosto, uma barba por fazer que o deixava ainda mais misterioso.
- Responda – disse, reunindo minhas forças.
Ele sorriu, ajeitou os cabelos e aproximou a cadeira da cabeceira da minha cama.
- Tudo bem, vamos lá, vou fazer o que for preciso para que se sinta bem, ok?
Pisquei uma vez, concordando para que ele começasse.

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