Parte 4


Inexplicável.
Tudo que acabara de acontecer só podia ser definido dessa forma, por mais que eu tentasse entender não havia como. Afinal de contas, o que ele estava fazendo ali? E porque correu para o mar sendo que ficaria preso de qualquer forma, não havia saída no fim da ponte, será que pretendia se jogar? Depois de aqueles rapazes o agredirem ele não estava machucado e correu em direção aos barcos como se nada tivesse acontecido e o pior, ele sabia meu nome.
A noite já havia caído, mas eu não conseguia voltar pra casa.
Saí do velho porto e fui caminhando pela cidade com medo de uma perseguição, mas sem saber para onde ir, rodei por horas até notar o caco que estava. Disfarçando o caminho fui pra casa, passei um bom tempo no banho tentando colocar minhas ideias no lugar.
Me arrependi por ter ajudado inicialmente, mas depois meu arrependimento foi por não te-lo seguido, devia ter ido atrás de uma explicação.
Já era tarde, mas minha mente não parava.
A curiosidade me atiçava e meus pensamentos pareciam gritar como se houvesse uma multidão inconstante em mim. Saí do banho, engoli o que consegui, e decidi.
Um jeans, botas, casaco preto e os cabelos bem presos em um rabo, deixei a bolsa de lado e peguei só o que poderia precisar: celular, um pouco de dinheiro e algum documento. Respirei fundo, pensei na loucura que estava fazendo e saí.

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