Parte 2


Assim que o avistei, o ar se prendeu na minha garganta e por muito pouco eu não gritei.
Era muito difícil ver alguém por ali, as poucas pessoas que moravam ali perto já eram mais velhas e não ficavam por ali nesse horário. Me assustei e fiquei parada no meio do nada mas ele não pareceu me perceber. Parecia estar sentado a espera de alguma coisa, alguém talvez.
Me controlei e segui caminhando, ele estava em um banco de pedra próximo a rua que dava acesso a ponte e também que levava a saída para minha casa. Ao me aproximar notei que devia ser um pouco mais velho que eu, cabelos escuros e curtos, uma camisa preta, bermuda jeans e um tênis surrado. Ele não me olhou um só momento, parecia concentrado, sabe-se lá no que, olhava fixamente para o nada e eu me senti um pouco mais segura, continuei caminhando e atravessei a rua para ficar mais próxima das poucas casas que haviam ali, pelo menos aquelas que estavam habitadas.
De repente ouvi um carro, o som vinha da ponte, próximo aos antigos prédios de armazenagem. Pensei se era esse carro que o estranho esperava, mas descobri que não, eu o vi correndo em direção a ponte com outros dois homens atrás dele. Não sabia o que fazer, corri de volta para a ponte, gritei para que se afastassem dele mas os homens o alcançaram e jogaram no chão, pareciam arrancar alguma coisa dele, algo que ele escondia debaixo da camisa mas eu não conseguia ver, muito menos entender.
Gritei.

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