Buscando forças, para poder dar forças

Enquanto me vestia para ir vê-lo na clínica, eu sabia que aquilo não seria fácil. Peguei a bolsa, as chaves de casa e saí. No ônibus, pensava no que falar pra ele naquele que era com certeza um momento horrível: eu estava indo ver meu namorado internado, e nem sabia o por que. Assim que cheguei ao hospital, percebi que como sempre era um clínica do nível dele, e a mãe dele tinha razão quando falava que eu estava bem abaixo. Na recepção, o pai dele, sempre terno e elegante, dessa vez estava com os olhos vermelhos, a gravata folgada e me abraçou ansiosamente.
- Ele está louco para te ver, já chamou por você várias vezes. - ele disse, colocando a mão em meu ombro para me levar até ele.
- Eu vim o mais rápido que pude, mas não sei o que aconteceu.
Ele parou, se colocou na minha frente, olhou em meus olhos e disse baixo:
- Você vai precisar ser forte. Muito mais do que eu e minha esposa temos sido todos esses anos.
Minha cabeça disparou em pensamentos, hipóteses, em busca de uma explicação para tudo aquilo, mas nada, e eu só ficava mais e mais confusa.
- Por favor, Sr. Dervals, me diga logo o que está acontecendo.
- Lucas, vem enfrentando há alguns anos um problema, um vício, - meu coração disparava, a cada palavra dele.- ele se envolveu com isso há três anos atrás, e nós tentamos curá-lo, procuramos o melhor para ele, e ele parecia bem, decidimos nos mudar pra cá, para que aquele passado ficasse distante e quando você apareceu na vida dele, achei que ele não faria isso novamente, que ele tinha noção dos perigos em que se meteria, e de que isso a colocaria em risco também. Sinto muito Clara, espero que não se sinta enganada, queriamos mesmo esquecer esse monstro do passado, mas ele voltou para nos assombrar. - As lágrimas já davam sinais em seus olhos fadigados. - Lucas é viciado, ele é um dependente químico.
Meu coração parecia estar parado, minha respiração travada, meus olhos reviravam, e de repente eu não sabia mais falar. Eu não sabia o que dizer, como dizer, o que pensar, nada; estava apenas vegetando ali.
Eu sabia que precisava falar algo, confortá-lo, mas primeiro eu precisava organizar minhas ideias, precisava me confortar, dar sentido aos meus pensamentos.
- Preciso vê-lo, preciso falar com ele. - falei, depois de um tempo, tentando absorver tudo aquilo. Aquela explicação que encaixava tudo nos últimos tempos: o jeito estranho dele nos últimos dias, os desaparecimentos repentinos, os amigos estranhos que surgiam do nada etc.
- Vou levar você até ele, mas você precisa ser compreensível, não é o momento para você discutir, ou cobrar qualquer coisa dele. Ele precisa do seu apoio. - Sr. Dervals disse, tímido.
- Claro, eu não vou discutir, quero vê-lo, falar com ele, nada mais.
Ele me guiou, me levou ao corredor, ao quarto, onde ele dormia tranquilamente, como um anjo. Pálido, com olheiras profundas e marcadas em roxo, parecia mal. E eu sabia que ele estava mal, e eu também estava mal...

Um comentário:

  1. Gostei do blog. Boa Sorte com ele. Gostei do post também. Parabéns!
    beijos,
    Sofia
    (http://pirulito-no-palito.blogspot.com/)

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